11º E - Mecatrónica

As duas comadres

(reconto da curta-metragem do PNC)

Era uma vez duas comadres que viviam numa aldeia muito distante. A dona Rosalina vivia num casebre com os seus dois filhos pequeninos que ficam à fogueira enquanto a sua mãe ia pedir dois pães à comadre Carmina, que morava no lado oposto da aldeia, numa grande casa.

Ao sair da sua casinha, a neve e o vento dificultam o seu caminho, pois tem de atravessar a aldeia e um gélido riacho de águas cristalinas para chegar a casa da comadre Carmina, que a aguarda um pouco contrariada. No entanto, a má vontade da comadre não desanima Rosalina, que continua a saudá-la com alegria, pedindo para ambas a graças de Deus. Como de costume, a comadre Carmina entrega-lhe os dois pães, para saciar a fome dos pequenos.

Na semana seguinte, após o seu penoso trajeto habitual, a dona Rosalina volta a casa da sua comadre e faz o mesmo pedido:

   - Comadre, como está?- pergunta a dona Carmina.

   - Eu, bem, e a graça de Deus, comadre.- responde a dona Rosalina.

   - Ora, esta mulher que passa sempre bem e a graça de Deus, com dois pães que leva daqui de casa e sem ter onde ganhar mais nada, e passa sempre bem e a graça de Deus? Deixa estar, que esta semana não hás de levar nenhum pão. – comenta para si própria a dona Carmina.

   E assim foi. Desesperançada com a resposta negativa da comadre e preocupada por não ter o que dar de comer aos seus filhos, viu-se obrigada a matar a sua única galinha, o seu único bem.

    Dona Rosalina prepara cuidadosamente a humilde refeição e, um pouco antes de se sentar para comer com os filhos, vai à igreja convidar o Divino Pai para a ceia, ao que este responde que irá lá ter. Já em casa, e enquanto aguardam por Nosso Senhor, três mendigos famintos batem à porta, pedindo algo para comer e a comadre Rosalina oferece os melhores bocados da galinha. Como o Divino Pai tardava, a bondosa comadre volta à igreja e pergunta-lhe o motivo da demora, ao que o Senhor responde que já lá tinha ido Deus Padre, Deus Filho e o Deus Espírito Santo e para ela ir para casa cear com os seus filhos, que iria achar muito de tudo. E na verdade assim aconteceu!

   Espantada com a abundância da comadre, Dona Carmina logo pensa que “ou ela achou, ou roubou” e pergunta à aldeã como tinha conseguido tal abundância.  A outra responde:

  - Ó minha comadre, que havia eu de fazer?! Eu não fiz nada! Olhe, tinha lá uma galinhita e matei-a e fui convidar Deus Nosso Senhor para vir jantar comigo e mais os meus filhinhos...daí para cá, tem-me crescido tudo em abundância em minha casa!

    Ao ouvir as palavras da sua comadre, Carmina decide fazer a mesma coisa: prepara um verdadeiro banquete e, ao convidar Deus Nosso Senhor para jantar, diz-lhe que tem uma ceia melhor do que a da sua comadre. Enquanto aguarda pela visita divina, três pedintes batem à sua porta, mendigando qualquer coisa para matar a fome, mas a comadre enxota-os! Nisto, e como o Senhor não aparecia, decide voltar à igreja e perguntar a razão da demora. Então o Senhor responde:

     - Vai, que eu já lá fui! E aqui estou todo mordido dos teus cães! Já lá foi Deus Padre, Deus filho e Deus Espírito Santo. Vai para tua casa e come… se achares por quê!

 

Reconto elaborado pela turma do 11.º E, de Mecatrónica